"Non mihi sit laudi, quod eram velut alter Apelles;
sed quod lucra tuis omnia, Christe, dabam:
altera nam terris opera extant, altera coelo.
Urbs me Ioannem flos tulit Etruriae."
"Não venham a mim os elogios, que fui apenas como um outro Apelles;
se fiz algum bem, foi dedicado ao seu povo, ó Cristo;
alguns trabalhos se manifestam no reino terreno, outros nos reinos dos céus.
A cidade que é a flor da Toscana me pôs ao mundo como João."
Chamado de “
Padroeiro de todas as
Artes”
pelo Papa João Paulo II em 1982, seria ingênuo pensar ao
Fra
Angelico (Guido di Pietro) como um padre fechado dentro dos muros de um mosteiro, pois
sua carreira de pintor causou uma enorme ressonância.
O
apelido "Angelico" ficou consolidado após o uso de Vasari, nas
Vidas.
Padre Domenicano, ele foi um dos
primeiros a compreender e utilizar o alcance da nova visão arquitetônica de
Brunelleschi e as pinturas de Masaccio. O seu trabalho contempla uma grande atenção às construções em perspectiva e à figura humana, mas ao mesmo tempo mantendo o misticismo da utilização da luz. O melhor exemplo é a "Coroação da Virgem" (1434), hoje no Louvre, onde notamos o extremo rigor espacial, acentuado pelo utilizo racional da luz, que percorre todos os objetos e materiais da cena pintada com uma exatidão típica dos pintores flamingos.
Anunciação, Fra Angelico, 1440, Museo di San Marco, foto de
Jim Forest
Podemos ver hoje uma grande coleção das suas pinturas no Convento de São Marco de Firenze.
Em 1437,
Cosimo de' Medici mandou restruturar toda a estrutura e
Fra Angelico pintou um episódio da
Bíblia em cada capela, como objeto de meditação. Aqui podemos ver como o pintor elimina todos os detalhes decorativos para se concentrar na essência, na mensagem de cada episódio; vemos a luz característica de
Fra Angelico: brilhante, com a representação da cruz como emanação divina, realçando detalhes coloridos com o ouro (típico do simbolismo medieval).
Em Maio de 1446,
Fra Angelico veio à
Roma com seu aluno
Benozzo Gozzoli, chamado pelo
Papa Eugênio IV para decorar a
Capela Maior de São Pedro (basílica constantiniana) , que tinha sido destruída. Os temas aqui escolhidos tinham sido episódios da vida de
Santo Estevão e
São Lourenço.
A vinda à Roma contribuiu para que Fra Angelico sofresse a sugestiva grandiosidade da Roma Imperial e a incluísse no seu trabalho de cunho cristão, acompanhando o zeitgeist do Renascimento com grande sucesso.
Angelico morreu no dia 18 de fevereiro, 1455 em
Roma. Podemos ver sua sepultura hoje na igreja de
Santa Maria sopra Minerva, em cujo
convento havia trabalhado entre 1453 e 1454.
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